A diversidade no mundo canino é realmente impressionante. Há cães para todos os gostos, cães de diversos tamanhos, cores e personalidades. Volta e meia ouvimos falar de uma raça que não conhecíamos, vinda de alguma região exótica e com um nome igualmente exótico.
Que existem muitas raças de cachorro espalhadas pelo mundo é inegável, mas quantas raças, exatamente, existem? Essa pergunta não é fácil de responder e a principal razão é que não é fácil determinar o que é uma raça de cachorro e o que não é.
Portanto, para entender quantas raças de cachorro existem, precisamos entender como se define uma raça de cachorro, e também, claro, quem define o que é uma raça de cachorro.
Como se define uma raça?
Normalmente, quem define a existência de uma nova raça de cachorro são as associações de cinofilia, que reúnem criadores e estudiosos do mundo canino. Mas as associações de cinofilia não usam os mesmo critérios para definir as raças e não reconhecem o mesmo número de raças.
Vejamos um exemplo: a Federação Cinológica Internacional, que é a principal associação de cinofilia do mundo, reconhece apenas duas raças de cachorro do Brasil, mas a Confederação Brasileira de Cinofilia reconhece bem mais que isso (vamos falar sobre as raças brasileiras mais adiante).
Então, quais são os critérios que as associações de cinofilia usam para definir as raças de cachorro? Vejamos a seguir os principais critérios adotados pela Federação Cinológica Internacional (FCI) para reconhecer uma nova raça:
- Uma nova raça não pode ser o resultado direto do cruzamento de duas raças já reconhecidas pela FCI
- A raça tem que ser reconhecida previamente por uma associação nacional filiada à FCI
- A raça já deve contar com no mínimo 8 grupos familiares diferentes, cada um com pelo menos dois machos e seis fêmeas, com duas ninhadas diferentes em cada grupo.
- Testes genéticos devem provar que se trata realmente de uma raça nova.
- Certos critérios de saúde devem ser atendidos, como a ausência de problemas genéticos.
Como se vê, os critérios para reconhecer uma nova raça podem ser bastante complexos, e os criadores que desejam ver uma nova raça reconhecida enfrentam muitas dificuldades.
Em alguns casos, uma associação de cinofilia pode declarar que uma raça deixou de existir porque já não existe um número suficiente de cães que atendem ao padrão da raça. Esse foi o caso, por exemplo, do Rastreador Brasileiro, a primeira raça nacional a ser reconhecida pela FCI, mas que hoje é considerada extinta.
Quais são os grupos de raças?
As associações de cinofilia classificam as raças de cães em grupos com características semelhantes. Novamente, cada associação tem uma lista diferente de grupos de raças e critérios diferentes para classificar as raças em cada grupo.
Vejamos a seguir os grupos de raças usados pela Federação Cinológica Internacional. Cabe destacar que a FCI não reconhece diversas raças, entre elas algumas populares, como o Pit Bull.
Grupo 1: Cães pastores e boiadeiros
Esse grupo reúne cães pastores e boiadeiros, ou seja, aqueles que são usados tradicionalmente para cuidar de rebanhos, principalmente de ovelhas e bovinos. Algumas das raças mais populares desse grupo são:
- Border Collie (Inglaterra)
- Pastor Alemão (Alemanha)
- Pastor Belga (Bélgica)
- Pastor Australiano (Estados Unidos)
- Kuvasz (Hungria)
- Welsh Corgi (País de Gales)
- Boiadeiro Australiano (Austrália)
Grupo 2: Pinscher e Schnauzer, molossos, cães de montanha e boiadeiros suíços
Esse grupo reúne cães do tipo Pinscher e cães do tipo Schnauzer; molossos, que são cães de cabeça redonda muito usados como cães de guarda; e os boiadeiros suíços. Dentre as principais raças dese grupo, temos:
- Pinscher (Alemanha)
- Doberman (Alemanha)
- Schnauzer (Alemanha)
- Boxer (Alemanha)
- Rottweiler (Alemanha)
- Fila Brasileiro (Brasil)
- Bulldog Inglês (Inglaterra)
- Dogo Argentino (Argetina)
- São Bernardo (Suíça)
- Shar-Pei (China)
- Terra-Nova (Canadá)
- Mastim Tibetano (Índia, China e Nepal)
- Boiadeiro de Berna (Suíça)
Grupo 3: Terriers
Os terriers são cães normalmente de pequeno porte usados para caçar pequenos animais. Alguns exemplos de raças desse grupo são:
- Jack Russell Terrier (Inglaterra)
- Norfolk Terrier (Inglaterra)
- Fox Paulistinha (Brasil)
- Bull Terrier (Inglaterra)
- Yorkshire Terrier (Inglaterra)
- West Highland White Terrier (Escócia)
Grupos 4: Dachshunds
Esse grupo é confortavelmente ocupado por uma única raça: os Dachshunds, que são oriundos da Alemanha.
Grupo 5: Spitz e raças primitivas
Os cães do tipo Spitz são parecidos com lobos, apresentando focinho fino, orelhas eretas e uma pelagem dupla. Além deles, esse grupo também reúne cães de aspecto mais primitivo. Veja algumas raças populares do grupo 5:
- Akita Inu (Japão)
- Lulu da Pomerânia (Alemanha e Polônia)
- Spitz Alemão (Alemanha)
- Husky Siberiano (Rússia)
- Chow Chow (China)
- Malamute do Alasca (Estados Unidos)
- Basenji
Grupo 6: Cães farejadores e raças parecidas
Nesse grupo estão os cães farejadores, aqueles que eram usados tradicionalmente em caçadas para achar as presas com seu faro.
- Beagle (Inglaterra)
- Basset Hound (França)
- Dálmata (Croácia)
- Bloodhound (Inglaterra e Bélgica)
Grupo 7: Cães apontadores
Os cães desse grupo também são muito usados para caça, mas se destacam por localizar onde está a presa e apontá-la.
- Setter Irlandês (Irlanda)
- Vizsla (Hungria)
- Weimaraner (Alemanha)
Grupo 8: Retrievers, cães levantadores de caça e cães de água
Os retrievers são cães tradicionalmente usados para recolher a caça depois que ela já foi atingida pelo caçador. Os levantadores são cães usados para assustar a presa (principalmente aves), para que o caçador possa abatê-la, e reúnem principalmente cães conhecidos como spaniels. Os cães de água são aqueles com pelo encaracolado e resistente à água, o que os torna excelentes nadadores.
- Golden Retriever (Inglaterra)
- Labrador Retriever (Canadá)
- Cocker Spaniel Inglês (origem incerta)
- Lagotto Romangnolo (Itália)
Grupo 9: Cães de companhia
Esse grupo talvez seja o mais heterogêneo. Ele reúne cães de pequeno porte aparentados com raças de outros grupos, mas que se consagraram como cães de companhia.
- Bichon Frisé (origem incerta)
- Maltês (Itália)
- Lhasa Apso (China)
- Shih Tzu (China)
- Chihuahua (México)
- Pequinês (China)
- Bulldog Francês (França)
- Pug (China)
- Boston Terrier (Estados Unidos)
Grupo 10: Galgos
Os galgos ou lebréus são cães de corpo esguio e patas musculosas, famosos por serem grandes velocistas.
- Greyhound (Inglaterra)
- Whippet (Inglaterra)
- Lebréu Irlandês (Irlanda)
Quantas raças de cachorro existem no Brasil?
Como dissemos anteriormente, a quantidade de raças, seja num país ou no mundo, varia de acordo com a associação de cinofilia. No caso do Brasil, a FCI só reconhece duas raças: Fox Paulistinha e Fila Brasileiro. As outras principais associações internacionais de cinofilia reconhecem apenas uma dessas raças ou as duas.
Já a Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), que é a principal entidade do setor no Brasil, reconhece 6 raças:
- Fox Paulistinha
- Fila Brasileiro
- Dogue Brasileiro
- Ovelheiro Gaúcho
- Rastreador Brasileiro
- Veadeiro Pampeano
A Sociedade Brasileira de Cinofilia, por sua vez, reconhece 11 raças:
- Terrier Brasileiro (Fox Paulistinha)
- Veadeiro Pampeano
- Rastreador Brasileiro
- Podengo Crioulo
- Pastor da Mantiqueira
- Ovelheiro Gaúcho
- Original Fila Brasileiro
- Fila Brasileiro
- Cão Sertanejo
- Bullmastiff Brasileiro
- Bulldogue Campeiro
Afinal, quantas raças de cachorro existem no mundo?
Vejamos o que dizem as principais associais de cinofilia do mundo:
- A Federação Cinológica Internacional reconhecia em outubro de 2018 360 raças
- O American Kennel Club, nesta mesma data, reconhecia 190 raças de cachorro
- Em 2013 o The Kennel Club, da Inglaterra, reconhecia 211 raças.
Como se vê, a quantidade oficial de raças de cachorro pode variar bastante. Mas uma coisa nós podemos afirmar sem nenhuma dúvida: todos os cães, seja de qual raça forem, podem ser excelentes companheiros, e merecem receber amor e atenção.