Os cães são seres sensíveis, capazes de experimentar diferentes emoções positivas, como o amor, e negativas, como o medo. Porém, como o seu organismo e sua linguagem são diferentes dos nossos, os cães vivem e expressam essas emoções de maneira diferente do ser humano. E como tutores, devemos estar preparados para identificar e saber como agir frente aos maiores medos e fobias dos cachorros.
Para começar, é fundamental aprender a diferenciar os medos e as fobias, já que são coisas totalmente distintas. Por isso, antes de apresentar os 10 maiores medos e fobias dos cachorros, falemos sobre as diferenças entre esses dos conceitos:
Diferenças entre medos e fobias dos cachorros
Embora possam ser usados como sinônimos de forma errônea, o fato é que medo e fobia são conceitos muito diferentes.
Medo
O medo não é só natural, mas também extremamente necessário para a manutenção da vida de qualquer animal, inclusive do ser humano. Sem ele, provavelmente, colocaríamos nossa vida em perigo constantemente ou dificilmente poderíamos reagir ante uma situação de perigo.
A mesma coisa acontece com os cães. O medo faz parte do mecanismo natural de defesa dos cachorros, permitindo que seu organismo esteja preparado para reagir rapidamente frente a qualquer perigo e poder escapar ou se preparar para enfrentar uma possível ameaça, por exemplo.
Fobia
Porém, o problema aparece quando o medo se torna excessivo e/ou sem um motivo aparente. Quando um cão se mostra tão medroso em determinada situação que perde o controle das suas próprias reações e apresenta respostas involuntárias e exageradas, estamos frente a uma fobia.
Ou seja: ao contrário do medo, que é natural e necessário para a sobrevivência, a fobia é um transtorno psicológico e emocional. Ela é expressa na forma de uma aversão irracional ou um medo exagerado a determinados objetos, animais, pessoas ou circunstâncias.
Um cachorro com fobia mostra uma clara redução da sua qualidade de vida e, muitas vezes, tende a desenvolver comportamentos obsessivos (estereotipias), que podem acabar conduzindo a um Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
10 maiores medos dos cachorros: principais causas e soluções
1. Medo ao ficar sozinho
Seu cachorro chora ou late muito quando fica sozinho em casa? Pois saiba que o medo ao ficar sozinho ou ao ser abandonado é um dos maiores medos e fobias dos cachorros. Naturalmente, os cães são animais gregários e sociáveis, que estão acostumados a viver e se sentem mais seguros em grupos. Por isso, é normal que seu melhor amigo não goste da ideia de ficar sozinho e fique um pouco triste quando você vai trabalhar ou precisa sair por outro motivo.
Porém, o problema aparece quando o cachorro que fica sozinho não aprendeu a gerenciar sua própria solidão. Ao não saber lidar com suas emoções, como o medo de ser abandonado ou a ansiedade pela volta do tutor, o cãozinho pode destruir objetos, fazer xixi e cocô em lugares inapropriados ou mostrar outros problemas de comportamento. Em casos mais graves, o cão com medo de ficar sozinho pode sofrer de ansiedade por separação.
A socialização é o primeiro e mais fundamental passo para prevenir a ansiedade por separação e evitar que um cachorro “se descontrole” quando fica sozinho. O ideal é que todo cão possa começar a ser socializado entre as três primeiras semanas e o terceiro mês de vida. Porém, com a ajuda do reforço positivo e muita paciência, também é possível socializar corretamente os cachorros adultos.
2. Medo dos fogos de artifício
Os cães possuem uma audição muito mais desenvolvida que a dos seres humanos. Eles são capazes de perceber rapidamente sons e estímulos que passam completamente despercebidos para os nossos ouvidos. Por isso, é natural que os barulhos fortes ou repentinos pareçam agressivos e disparem uma “resposta de medo” no organismo dos cães.
Embora alguns pets fiquem tranquilos durante uma sessão de fogos de artifício, esse é um dos 10 maiores medos e fobias dos cachorros. A maioria dos cães, ao escutar o barulho dos fogos, tende a se esconder em um lugar que parece seguro e que ajuda a diminuir a intensidade do som, como debaixo da cama, por exemplo.
Em casos mais graves, podem se apresentar sintomas de ansiedade e medo excessivo, como tremores, taquicardia, hiperatividade, respiração acelerada, micção involuntária (fazer xixi sem controle) , etc.
Enquanto os fogos de artifício forem parte da cultura de “celebração” dos brasileiros, somos nós, tutores, que devemos ajudar nossos melhores amigos a aliviar o mal estar provocado por esses estímulos.
Uma boa ideia é criar um “refúgio” para o seu cãozinho, que pode ser até uma caixa de papelão com uma manta ou uma toalha, os brinquedos favoritos dele e uns petiscos. Você também pode colocar uma música suave e dar muito carinho ao seu pet, para ajudá-lo a superar esse medo e relaxar.
Para um guia completo, saiba o que fazer para amenizar o medo dos fogos de artifício em cães.
3. Medo de trovão
O medo do trovão ou astrofobia também está entre os medos e fobias mais comuns nos cachorros. E novamente, a audição privilegiada dos nossos melhores amigos faz com que seja natural que o seu organismo reaja ao escutar um barulho tão forte e brusco como um trovão num dia de chuva.
Porém, é importante diferenciar o medo normal aos trovões de uma fobia que altera radicalmente o comportamento e prejudica o bem-estar do animal. É completamente natural que, ao perceber os primeiros sinais de que uma tempestade se aproxima, os cachorros procurem um refúgio seguro e prefiram estar isolados para prevenir qualquer dano à sua integridade física e emocional.
No entanto, se o seu cachorro se mostra nervoso, hiperativo e parece estar “à beira de um ataque de nervos”, é provável que se trate de uma fobia. Nesse caso, recomendamos que você procure um veterinário especialista em etologia ou psicologia canina para determinar a melhor maneira de ajudar o seu cãozinho.
4. Medo do desconhecido
Aqui temos outro medo fundamental para a sobrevivência de todos os animais! Se não tivéssemos nem um pouquinho de medo do desconhecido, provavelmente, agiríamos de forma irresponsável e poderíamos acabar numa situação perigosa, certo? O mesmo acontece com os cães: o medo ao “novo” e a tendência a se apegar a uma rotina impedem que tenham atitudes que coloquem em risco eles mesmos e os outros integrantes da sua manada ou da sua família.
Por isso, é normal que os cachorros se mostrem desconfiados e sejam especialmente cuidadosos ao se encontrar com uma pessoa, um animal ou até mesmo com um objeto desconhecido. Além disso, pelo seu treinamento, os cães de guarda costumam estar ainda mais alertas e podem chegar a ter uma reação negativa quando algum estranho se aproxima repentinamente do seu território ou dos seus tutores.
Porém, quando falamos de uma fobia ao desconhecido nos cachorros, a causa mais frequente é uma má socialização. Além disso, também é possível que o cãozinho tenha sofrido situações de violência ou abuso, que o levaram a desenvolver uma aversão por qualquer coisa desconhecida que possa ameaçar sua integridade.
Nesses casos, é indispensável trabalhar junto com um veterinário especialista em etologia canina para ajudar o seu melhor amigo a tentar superar os traumas do passado e melhorar a sua autoconfiança.
5. Medo de objetos/coisas
Já viu que alguns cachorros têm medo do aspirador de pó, do secador de cabelo ou de outros eletrodomésticos? Geralmente, esse medo se deve ao barulho emitido por alguns objetos que, para nós, parecem totalmente normais. Mas para os nossos cães eles podem parecer incômodos, irritantes e até assustadores, como um trovão ou um fogo de artifício.
Por sorte, na maioria dos casos, é possível fazer o cãozinho se adaptar ao eletrodoméstico. O processo básico de adaptação consiste em apresentar pouco a pouco o objeto como algo inofensivo ao seu pet, usando o reforço positivo para premiar a valentia do cãozinho e estimular a interação com aquilo que provoca medo nele.
Mas como já falamos no tópico anterior, também pode ser que o cachorro assimile um objeto com um contexto negativo ou perigoso, por algum trauma relacionado a más experiências vividas no passado. Se você acabou de adotar um cãozinho e percebe que ele se mostra muito medroso, não deixe de levá-lo ao veterinário especialista em psicologia canina.
6. Medo de outros cachorros
A principal causa do medo de outros cães, que também é um dos medos e fobias mais comuns dos cachorros, são as deficiências na socialização do pet. Um cão que se mostra muito tímido, medroso ou agressivo ao interagir com outros membros de sua espécie muito provavelmente não teve a oportunidade de se socializar adequadamente.
Durante os seus primeiros três meses de vida, os cachorros experimentam o chamado “período de socialização”. Nesse período, o filhote aprende com seus pais e seus irmãos (os caninos, não os humanos) como se comportar em grupo. Além de começar a ter contato com novos estímulos e indivíduos do ambiente que o rodeia.
Essa aprendizagem é fundamental para que o cachorro desenvolva sua autoconfiança e assimile a linguagem e o comportamento social dos seus semelhantes. Por isso, ao adotar um filhote, devemos considerar dois aspectos fundamentais para evitar que nosso cãozinho seja muito medroso:
- Respeitar o período de desmame: ou seja, não separar o filhote da mãe e dos irmãos antes de completar o desmame.
- Socializá-lo corretamente: antes de completar 3 meses de idade, o ideal é começar a apresentar seu cãozinho a outros cachorros e pessoas, sempre se certificando de que essas interações sejam positivas e seguras para o filhote. Após completar as vacinas fundamentais, o filhote já poderá sair e continuar interagindo com outros animais.
Também existem casos extraordinários, como o dos cães treinados para participar de lutas, que costumam desenvolver uma fobia extrema a outros cachorros. Esses casos requerem atenção especializada e, infelizmente, são muito difíceis de reverter. Porém, sempre é possível melhorar a qualidade de vida do animal com paciência, amor e ajuda especializada.
7. Medo do veterinário
Assim como uma criança pode sentir medo antes de tomar uma injeção, os cachorros também podem ter medo de ir ao veterinário. Quase sempre é uma experiência desagradável ter que deitar naquela mesa, ser “espetado” por uma agulha ou medir a febre por via anal.
Então, é mais que compreensível que alguns cachorros sintam medo durante as suas primeiras consultas a uma clínica ou hospital veterinário. Porém, é importante que os tutores estejam conscientes de que a medicina preventiva é fundamental para prevenir doenças e proporcionar uma boa saúde para nossos melhores amigos.
Os cães precisam de um tempinho para entender que os veterinários são os seus maiores aliados para uma vida saudável. E é claro que nós podemos ajudá-los nesse processo de adaptação, apresentando as idas ao veterinário como algo positivo, premiando o seu bom comportamento com petiscos, brinquedos ou carícias.
8. Medo de andar de carro
As primeiras viagens de carro podem parecer estranhas e até um pouco desagradáveis para os cães. Muitos sentem náuseas pelo movimento e acabam vomitando, outros mostram sintomas de ansiedade. E existem até alguns que, curiosamente, aproveitam a experiência e ficam ansiosos para o próximo passeio.
Para evitar essas reações negativas, lembre-se que seu cãozinho precisa se adaptar gradualmente à sensação de andar de carro. Antes de colocar o veículo em movimento (mesmo que seja para uma volta no quarteirão), deixe que seu pet se acostume a ficar dentro do carro. E lembre-se de transportá-lo sempre de forma segura, com o cinto de segurança ou na caixa transportadora adequada ao seu tamanho.
Depois de constatar que o seu cachorro já está bem tranquilo dentro do carro, você pode começar a fazer pequenos trajetos, observando sempre a reação dele. Pouco a pouco, você perceberá que seu cãozinho estará preparado para desfrutar de uma viagem de carro com a família.
9. Medo de escadas
Você já viu um cão amedrontado pela ideia de subir e descer escadas? Longe de ser algo estranho, esse é um dos maiores medos e fobias dos cachorros. Geralmente, acontece quando um cachorro não teve contato com as escadas quando era filhote e não sabe muito bem o que fazer quando se vê diante delas na fase adulta.
Alguns podem se mostrar assustados, enquanto outros simplesmente deitam e se negam a subir o lance de escadas. Por sorte, costuma ser bem fácil acostumar os cães a subir e descer escadas, já que eles adoram brincar e têm muita energia. E a ideia é justamente fazer com que as escadas sejam parte do passeio, para que o cãozinho as assimile como algo positivo.
O ideal é apresentar as escadas ao seu pet enquanto ele ainda é um filhote, para que ele as assimile como parte da sua rotina. Depois que ele alcançar um tamanho considerável e já estiver com uma boa coordenação motora, você poderá ensiná-lo a subir e descer as escadas de forma segura e equilibrada.
10. Medo de pessoas
Além de ser um dos medos e fobias mais comuns dos cachorros, o medo das pessoas costuma ser também um dos casos mais difíceis de tratar. Naturalmente, os cães tendem a ser sociáveis e gentis com as pessoas. Apesar de que, como já falamos, podem se mostrar desconfiados com os estranhos.
Infelizmente, a maioria dos cachorros que demonstram medo ou pior, fobia das pessoas, têm um histórico de violência, abuso ou exploração. Por isso, os cachorros que nascem nas ruas, sofrem maus tratos ou são abandonados têm maior tendência a ficar com medo do contato com os seres humanos.
Esses casos precisam receber um diagnóstico e tratamento de um veterinário especialista em etologia canina. Esse profissional tentará identificar as origens da fobia do pet para, a partir disso, montar uma estratégia que o ajude a superar os traumas e voltar a ter a confiança em si mesmo e nas pessoas.
O melhor é procurar ajuda
Nesse artigo, você pode ver que medo e fobia em cachorros são coisas distintas, e que há muitos tipos diferentes de um e de outro. Especialmente no caso das fobias, assim que você identificar sinais de alguma delas no comportamento do seu pet, não deixe de levá-lo rapidamente ao veterinário. Esse profissional poderá verificar a causa do transtorno e indicar um tratamento eficiente para ajudar seu melhor amigo a recuperar o bem-estar.