Na natureza, parece haver uma regra de ouro: animais maiores tendem a viver mais do que os menores, mas curiosamente, isso não se aplica ao “reino dos cães”.
Quanto maior o cão, menor será sua expectativa de vida. Um cão de grande porte como o são bernardo vive entre 5 e 8 anos, enquanto raças menores, como os chihuahuas vivem entre 12 a 20. Para entender melhor essa teoria, leia o artigo até o final que te explicaremos tudo!
Teoria de Histórias de Vida
Essa tendência foi estudada por décadas pelo biólogo evolucionista Mark Elgar, professor da Escola de Biociências da Universidade de Melbourne, na Austrália.
Existe uma teoria robusta na biologia evolutiva – o que chamamos de Teoria de Histórias de Vida – que trata como os animais alocam seus recursos para diferentes funções, afirma o biólogo.
Ele diz ainda que animais maiores, como um elefante, vivem mais, mas se reproduzem mais lentamente – a cada três ou quatro anos. Um rato, no entanto, se reproduz a cada poucos meses. Eles vivem rápido, mas morrem jovens. É assim que a evolução faz malabarismos com a maneira como nos reproduzimos, complementou o professor.
Cães de grande porte X pequeno porte
Mark diz que a resposta ao quebra-cabeça da expectativa de vida canina está ligada à maneira como uma espécie envelhece e os riscos que ela sofre durante a fase de amadurecimento. Portanto, embora as espécies maiores vivam normalmente mais do que as menores, dentro de uma espécie os indivíduos menores podem sobreviver com mais facilidade do que os indivíduos maiores, que demandam mais recursos e espaço. Tudo depende do ambiente ao seu redor.
E isso é particularmente importante quando se trata de cães. Um milênio de domesticação e criação em diferentes contextos e localizações geográficas possibilitou que as raças de cães pudessem variar em tamanho corporal em até 50 vezes – de um pequeno shih tzu à um enorme rottweiler.
O professor diz que sua pesquisa que compara o tamanho e a mortalidade relacionada à idade em cães mostra que cães maiores morrem mais cedo porque envelhecem significativamente mais rápido do que cães menores.
Outro estudo realizado com 74 raças de cães afirmou que “a força motriz por trás da compensação entre tamanho e expectativa de vida é uma forte relação positiva entre tamanho e taxa de envelhecimento”.
Assim, podemos concluir que os cães de grande porte morrem mais cedo porque envelhecem rapidamente, em detrimento dos cães de pequeno porte, que tendem a ser bichinhos mais resilientes.
Estilo de vida importa
Um pastor alemão, pit bull ou rottweiler, por exemplo, podem colocar mais pressão em seus processos fisiológicos, o que significa que eles tendem a se desgastar com mais afinco.
Além disso, a taxa de mortalidade canina também é afetada – assim como entre os seres humanos – pelo estilo de vida. Portanto, uma alimentação saudável, idas ao veterinário, vacinação e momentos prazerosos são fundamentais para a longevidade.
Fatores de risco
Um cão de trabalho como o Kelpie australiano (de pastoreio) ou o pastor alemão (cão de guarda) têm mais chances de ir a óbito no exercício da função do que um cãozinho que passa quase a totalidade do dia no apartamento de seus tutores.
O professor Mark diz que a tendência observada é que a média de vida para cães muito grandes é de cerca de 7 anos e para cães menores, 14 anos.
Mas calma! Ser um cão de grande porte tem seu lado positivo também: a vida deles tende a ser mais intensa e enérgica, uma vez que aparentam ser jovens por mais tempo que seus companheiros pequeninos.
O outro lado da ciência
Cachorros grandalhões crescem muito rápido. Tome como exemplo o dogue alemão: com um ano de idade, ele já é enorme!
Do nascimento até seu primeiro aniversário, eles aumentam seu peso em 100 vezes. Nesse mesmo período, os lobos aumentam 60 vezes, os poodles vinte e os seres humanos apenas três.
Ainda de acordo com a ciência, animais maiores morrem cedo porque esse tipo de crescimento acelerado é acompanhado do aumento excessivo da atividade dos radicais livres (átomos ou moléculas muito instáveis, com alto poder reativo).
Porém, o envelhecimento mais rápido não é a única explicação. Cães maiores são mais propensos a ter problemas de saúde, como distúrbios de desenvolvimento, doenças musculoesqueléticas, gastrointestinais e tumores – todos os quais também estão ligados ao seu crescimento acelerado e parecem ser os efeitos colaterais desagradáveis da reprodução seletiva feita com a intenção de domesticá-los.
De toda forma, adotar um cachorro pensando no quanto ele pode – ou não – viver, é injusto. O que importa é prover um lar amoroso e acolhedor, que cuidará dele com muito carinho até os seus últimos dias: seja lá quantos forem.
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